quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Destino inesperado

Cidade medíocre, sem valor ou importância; insignificante. Casas abandonadas, ruas emburacadas, parques destruídos. Mitos a solta, para quem quisesse acreditar.
Um senhor, em meio a tudo isso, chorando. Sua vida estava sendo destruída, sua história, seu próprio ser. Ao longe, ele avista um jovem, novo, cheio de vida, porém seus olhos traziam a dor, o sofrimento e a ingratidão. Decide conversar com ele.
Marcus, se vê no meio do nada, sozinho, em guerra com seus pensamentos e frustações. Subitamente, observa um velho vindo em sua direção; para ele, velho demais, simples demais, humilde demais, nada poderia oferecer-lhe a mais do que já tinha.
Aproximam-se. Silêncio, tensão, alívio. Antes sozinhos, agora juntos; talvez, unidos por algo que ambos desconheciam: o sofrimento de ver recordações sendo destruídas pelas consequências* dos atos humanos, ou até, laços a mais... Continuaram a se encarar, porém, de um modo diferente, com afeto e um pouco de carinho. Não sabiam o porquê, entretanto sentiam uma força extrema, uma aliança entre si. Trocaram nomes, e, inesperadamente, perceberam uma mancha, até então, de nascença para eles, e recomeçaram a se olhar, não apenas encarar como anteriormente, mas olhares com dúvidas, preocupações, explicações, súplicas.
O contato visual acaba, graças à nova chuva que recomeça. O jovem passa a ver seu reflexo daqui a algumas décadas, e o senhor passa a relembrar sua juventude com o reflexo do neto. Põem-se de pé, e num abraço acolhedor, começam a brotar lágrimas em meio aos pingos d'água que tomam os rostos sem expressões específicas.
O destino une, em meio a desgraça do presente e recordações do passado, avô e neto, companheiros do futuro.

* Comecei a me adaptar as novas regras. (: