sábado, 23 de janeiro de 2010

O tempo nada apaga

A plateia estava alucinada, eufórica. Era formada por apostadores milionários e suas acompanhantes de luxo. O ringue parecia ter luz própria naquela noite, ao invés de estar sendo iluminado.
Seria uma luta desonesta, porém, prazerosa. O título mundial seria disputado pela primeira vez entre um homem e uma mulher.
O juiz faz as respectivas apresentações, e a plateia vai ao delírio. Uma placa anuncia o início do primeiro round, porém as pernas de quem a carrega chamam mais atenção, uma loira deslumbrante, para os presentes homens.
Os lutadores se encaram. E após milésimos, se reconhecem. Não só pelo nomes, mas também pelo passado. A plateia clama o nome do favorito: Magno, o que o torna mais confiante.
Um primeiro soco, e ambos tentam planejar estratégias. Não conseguem. Lembranças, são transmitidas de seus subconscientes aos conscientes. As mesmas recordações tomam ambas as mentes, e não por coincidência. Assim os round's se passam, e no oitavo, com uma plateia decepcionada, Magno dá um passo a frente e estende a mão enluvada. Naquele exato momento, ele deixa de ser Magno, e passa a ser simplesmente Caio. Ela recorda, através deste ato, que ele sempre cedia primeiro, quando se tratava dela. Aos poucos, ela o puxa para si e fala em seu ouvido: "Eu senti sua falta nestes 10 anos."
A plateia vaia loucamente.

A vitória, a quem pertenceu? A amizade.



C.M. ♥

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