quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Uma simples rotina

Ela sentia o vento forte e gélico ir contra seu delicado corpo. Ele sentia-se completo, e por instinto, teve vontade de abracá-la, mas não teria essa ousadia. O silêncio de ambos transmitia palavras. 1960. Abraços eram contratos.
O balão furta-cor ganhava cada vez mais altitude. Ela sentia mais frio, e ele mais desejo.
Assim foi regado este gostar.
1970. Barulho de talheres. Intensidade silenciosa.
Ela cojitava porquês, e ele pensava em uma solução. Palavras pesam quando ditas em determinados momentos, como o que antecedeu. O telefone toca, e ninguém atende.
1980. Fogos, cores e brilhos. Uma virada inesquecível. Um beijo, mãos dadas. 30 anos, de altos e baixos. De amor, que florescia a cada dia.
1990. "A maldita". O câncer. Lutar já era cansativo. E meses depois, alguém ganhou. A solidão o inundou.
2000. "A vida é bela". Seu último pensamento. Uma vida juntamente com o amor, e 10 anos sem ele. Iria reencontrá-lo, enfim. O céu é o limite, para alguns. Não para ele, e nem para mim.

Que seja eterno enquanto dure, uma vida ou 1 mês. No céu, no inferno, ou, talvez, na terra. Vocês decidem.





Para Lara Martins e Augusto Silva. Não levem à mal a parte da morte no final, tentem ler o sentimento, não a história. As entre-linhas são pra vocês.

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